O conhecimento e tratamento do transtorno mental registou um constante progresso ao longo dos séculos. Durante a Idade Média, foi considerado como um pecado ou possessão diabólica (modelo demonológico) tratável portanto por agentes religiosos ou espirituais. Posteriormente passou a ser mais uma forma de enfermidade – com alguma alteração bioquímica subjacente assumida – tratável por meios médicos. Este é o modelo biomédico baseado, em boa parte, no trabalho de Kraepelin. O advento da Revolução Francesa e suas sequelas e reformas sociais, trás consigo a humanização e reforma dos asilos franceses exemplificada pela acção de Pinel de libertar os asilados das suas cadeias. É o que Hobbs (1964) denominou a “primeira revolução” no campo da saúde mental. A “segunda”, vem pela mão de Freud e a Psicanálise ao assumir causas – e por sua vez soluções – psicológicas (em oposição às orgânicas assumidas no modelo biomédico) para os transtornos mentais. Freud não só funda a psicoterapia como tal (o tratamento por meios psicológicos) como também inicia a explicação psicológica dinâmica – em oposição à tradição psiquiátrica estática de Kraepelin e outros –, ampliando o campo dos transtornos menores (neuroses) ao estudo e tratamento que nessa altura se havia centrado nas psicoses. Este é o modelo psicológico do transtorno mental. A “terceira revolução” – a que nos interessa aqui é a representada pelo advento, nos anos 60 do séc. XX, do movimento comunitário que, em oposição ao psicológico e intrapsíquico, se interessa pelos determinantes ambientais e sociais do transtorno mental e na intervenção preventiva a nível populacional, e não individual. Este movimento insere-se no contexto do terceiro grande modelo – em estado emergente – de tratamento e conhecimento do transtorno mental contemporâneo (o modelo demonológico é praticamente inexistente na actualidade), o modelo psicossocial. Poderíamos dizer com B. Smith (1968), que o modelo biomédico representou um grande avanço em relação ao demonológico (praticamente inútil para entender ou tratar os problemas mentais), permitindo atender aos transtornos maiores, às psicoses, nos quais se centrou. O enfoque psicológico surgiu, como se indicou, do trabalho com neuróticos, enquanto que o psicossocial surgiu a partir dos problemas e stresses sociais que grandes grupos de pessoas desfavorecidas, marginalizadas ou vulneráveis experimentam nas sociedades contemporâneas e da necessidade de eliminar esses problemas e stresses a nível social, bem como dotar as pessoas afectadas das competências psicossociais precisas para enfrentá-las (Vidal, 1991).
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Será o fim do mundo um es...
. Escalas de medida da vari...
. Estatística Univariada, B...