Tradicionalmente, os médicos e psicólogos tendem a definir a saúde como a ausência de doença. A partir disso, saudável é apenas “não-doente”. Esta definição envolve um certo número de pressupostos e limitações (Walsh & Vaughan, 1995). Uma das suposições mais comuns e difundidas em Psicologia e Psiquiatria é a hipótese de que, por serem duas pessoas “normais”, isto é, seguramente não insanas, os seus estados de consciência comuns sejam essencialmente os mesmos (Tart, 1991). O critério comum de normalidade é geralmente representado pelo homem médio típico, que observa as convenções sociais do ambiente em que vive - noutras palavras, por aquele que é conformista. Mas, a “normalidade” compreendida desta maneira é uma concepção que não satisfaz plenamente: ela é estática e exclusiva (Assagioli, 1991). Por outro lado, esta definição ignora a possibilidade da saúde exibir formas de ser, modalidades e profundidades de experiência, interesses e motivos que não aparecem de modo algum na patologia. Do mesmo modo, a pessoa bastante saudável pode não fazer certas coisas que as outras pessoas tornaram universais e consideram intrínsecas à natureza humana. É provável que as pessoas mais saudáveis tenham acesso a uma gama mais ampla de estados de consciência, devido a possuírem um maior grau de controlo voluntário. Isso evoca a interessante questão de saber se a pessoa psicologicamente saudável num grau extremo não nos pareceria por vezes misteriosa ou bizarra (Walsh & Vaughan, 1995).
Segundo Simões (1996), podemos diferenciar os estados modificados de consciência em vigília, da seguinte forma:
1. EMC em vigília ordinária, nos quais há dominância do estado de activação em relação ao de repouso; ênfase na actividade mental característica do hemisfério cerebral esquerdo; dominância na recepção de estímulos exteriores; pouca utilização da imaginação - domínio da actividade mental ou física, sobre a contemplativa;
2. EMC em vigília diferenciada, em que há domínio de um estado de repouso; domínio da recepção de estímulos de fontes internas (corporais ou de conteúdos da memória); imaginação considerável; estado passivo de actividade mental - domínio da contemplação sobre a acção.
Estes últimos não são de experiência comum nas culturas ocidentais, salvo em determinados círculos religiosos ou culturais e, por isso, quando ocorrem, criam um sentimento inicial de surpresa e depois de inquietação ou desassossego, por não existir concordância com as vivências habituais (Simões, 1996).
O «supraconsciente» supõe tudo o que pertence ao reino do luminoso a que o Homem tem que recorrer para ser consciente de si mesmo e de tudo o que o rodeia. A supraconsciência é um reino de luz e de alegria, a subconsciência, um reino de sombras e de pesares. Todavia, essa supraconsciência apesar de representar um plano elevado, também é inconsciente e, portanto, necessita de vivência. O seu paulatino despertar ou irrupção súbita inicia o processo transpessoal (Almendro, 1998).
Muitos psicólogos e outros cientistas foram fortemente influenciados por ideias preconcebidas e preconceitos ao analisar o crescimento transpessoal e as experiências transcendentais ou religiosas. As conotações associadas a esses temas levaram alguns a acreditar que tais tópicos são mais artigos de fé do que temas a ser investigados pela Psicologia. Tais preconceitos são fortalecidos pelo facto de que virtualmente os únicos conceitos disponíveis para descrever fenómenos transpessoais vêm da terminologia religiosa (Fadiman & Frager, 1986). Desta forma, em muitas correntes de Psicologia esta supraconsciência é desconhecida e quando irrompe é tomada como delírio ou como patologia e, nalguns casos extremos, com conteúdos burlescos desligados de toda a imparcialidade (Almendro, 1998). Contudo, a Psicologia Transpessoal não considera patológicas, à primeira vista, certo tipo de experiências excepcionais humanas (Simões, 1997c).
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