Cada perturbação (distúrbio, transtorno) mental é conceptualizada como um comportamento clinicamente significativo ou síndrome psicológica ou padrão que tem lugar num sujeito e que está associado com ansiedade actual (e.g., um sintoma doloroso) ou incapacidade (e.g., incapacidade em uma ou mais áreas importantes de funcionamento) ou com um significativo risco aumentado de sofrer morte, dor, incapacidade ou uma importante perda de liberdade. A juntar a isto, esta síndrome ou padrão deve ser não apenas uma resposta expectável e sancionável culturalmente a um acontecimento particular, por exemplo, a morte de uma pessoa querida. Qualquer que seja a sua causa original, deve ser correntemente considerada como uma manifestação de um comportamento, disfunção psicológica ou biológica no sujeito. Nem um comportamento desviante (e.g., político, religioso ou sexual) nem conflitos que são primários entre o sujeito e a sociedade são perturbações mentais até que o desvio ou conflito se transforme num sintoma de uma disfunção do sujeito, como se descreve acima (American Psychiatric Association, 1996).
O termo «transtorno» é usado por toda a classificação CID-10, de forma a evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos tais como «doença» ou «enfermidade». «Transtorno» não é um termo exacto, porém é usado aqui para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais. Desvio ou conflito social sozinho, sem disfunção pessoal, não deve ser incluído em transtorno mental, como aqui definido (World Health Organization, 1993).
Nunca é de demais relembrar que o conhecimento científico é considerado aberto, pois:
a) não conhece barreiras que, a priori, limitem o conhecimento. A Ciência não dispõe de axiomas evidentes: até os princípios mais gerais e "seguros" constituem postulados que podem ser mudados ou corrigidos;
b) a Ciência não é um sistema dogmático e cerrado, isto é, constitui um sistema aberto porque é falível e, em consequência, capaz de progredir: quando surge uma nova situação, na qual as leis existentes se revelam inadequadas, a Ciência propõe-se a realizar novas investigações, cujos resultados induzirão à correcção ou, até à total substituição das leis incompatíveis; e,
c) dependendo dos instrumentos de investigação disponíveis e dos conhecimentos acumulados, até certo ponto está ligado às circunstâncias da sua época: a aplicação de novos instrumentos e técnicas pode aprofundar as investigações, ao passo que o meio natural ou social pode sofrer modificações significativas. Dessa maneira, podem-se considerar os sistemas de conhecimento como organismos vivos, que crescem e se modificam, assegurando o progresso da Ciência (Lakatos & Marconi, 1991).
A não ser assim, a Ciência poderia vir a constituir uma seita (de cientistas) com respostas simples e claras (Simões, 1996b).
Faz-se, hoje, uma distinção em relação aos três níveis de conhecimento científico:
1. o inorgânico, estudado pelas ciências físicas;
2. o orgânico, investigado pelas ciências biológicas;
3. o superorgânico, abrangido pelas ciências sociais.
Os três níveis encontram-se inter-relacionados, e a transição de um para outro é gradativa. O superorgânico é observado no mundo dos seres humanos em interacção e nos produtos dessa interacção: linguagem, religião, filosofia, ciência, tecnologia, ética, usos e costumes e outros aspectos culturais e da organização social. Portanto, ao estudar o superorgânico, as ciências sociais têm o seu interesse voltado para o homem em sociedade. As ciências sociais ou humanas englobam: Antropologia Cultural, Direito, Economia, Política, Psicologia Social e Sociologia. No entanto, há autores que consideram também como ciências sociais ou humanas ramos de estudo, tais como: História, Geografia Humana, Ecologia Humana, etc. (Lakatos & Marconi, 1999).
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